não concordo

quando dizem que vamos sempre a tempo.
Para mim tudo tem o seu momento exacto. Comer uma tosta mista morna, no ponto. Beber o café quente e não a ferver por causa dos soluços. As decisões imediatas sem poder hesitar. O instinto que me faz desviar da jante que vem na minha direcção. O tom grave, sem vacilar, que põe fim à brincadeira dos sobrinhos na hora de dormir.
Perco o sentimento quando passa o momento. Isto porque, em mim, a última coisa a perder-se é o sentido das coisas..., entretanto já perdi a cumplicidade, o encantamento, a vontade, o filme cor-de-rosa que tinha na cabeça, até perdi o querer dizer que já não gosto, que já não penso, perdi a vontade de fazer questão de mostrar que já não quero.
A única coisa que ganho é a indiferença e, embora enfadonha, não provoca taquicardia.
Um sossego.