Comecei a ler um livro que comprei em segunda mão e que, entre outras coisas, tem as páginas amarelas e secas que se soltam senão houver cuidado. A data de edição é de 1958 e custava 25$00 escudos. Comprei-o pela fortuna de dois euros, pelo cheiro e pela informação de capa - três milhões de exemplares vendidos - e escondi-o com vergonha do titulo. Tem também umas manchas que ou são de comida ou de saliva. E não, (ainda) não é pornográfico.


não ando bem

não tem havido noite nesta semana que não me tenha levantado três ou quatro vezes. tiro roupa da cama, tiro roupa do corpo. abro janela adormeço, acordo a pensar que mal o sol raie estou acorda com a claridade, levanto-me fecho janela. visto roupa do corpo, puxo a roupa da cama. tenho calor. levanto-me, queixo-me, digo que não ando bem.
a minha mãe confirma quando o seu dever é dizer que vai passar.
o pior destas noites atribuladas é que não dou descanso ao mais sereno dos dias.

a vida é bonita?

nunca esteve tão animada.
ontem forcei-me a ver um jogo de futebol, pelos vistos era entre os melhores, mas graças a deus e à miopia, não pus os óculos e a atenção estava no tentar distinguir a cor do equipamento dos jogadores. tentativa falhada com pausas para descansar os olhos. resultado, ao ver-me de cima podia muito bem ser internada com justa causa.
as sms que recebo são a avisar que tenho que recarregar o cartão ou então as que mando a mim própria. é fixe, recebe-se com o nosso nrº em vez de nome o que dá a ideia que foi outra pessoa a mandar.
os e-mails andam uma loucura, ora são os 10/12 habituais em spam e os 3/4 em newsletters que subscrevi.

Resposta: é sim senhora, mas umas vezes mais do que outras.

haverá alguém

inteligente. o melhor do curso. no trabalho. toma cápsulas para o cérebro, não vá perde-lo, e ao mesmo tempo tem insónias e ao mesmo tempo precisa de dormir urgente.
aquele que herdou da família uma editora e anda com Nicolas sparks debaixo do braço. não, debaixo do banco do carro e debaixo da cama, para que ninguém lhe consiga sentir a sensibilidade que é ler quem ama acredita ou o raio que o parta.
é o mesmo que tem um trem de cozinha completo e que pergunta, não é bonito e que não deixa que o lavem, ao trem, com o lado verde da esponja porque vão notar-se risquinhos, sim, risquinhos.
e faz xixi sentado, pela higiene. sim.
é aquele que manda e-mails profundos em que tudo é o oposto que defende. que vive. e que ao ser questionado se se identifica, manda a máquina responder que, por favor não envie correspondência desnecessária.
tem de haver de tudo.


In time

Find a love

Settle down

Buy a house

Just for kicks

In time

Find a love

Settle down

And in time

Get some kids

Find a love

Settle down

In time


[Leona Naess - on my toes]



decidi errar

lembraram-me que errar por opção é bem mais grave do que errar sem dar por isso. o importante é tomar a decisão e suportar as consequências.
tenho um professor novo, é um arrogante com personalidade interessante que nos induz ao erro.
acho que os homens não sabem que as mulheres bonitas são aquelas que acordam de manhã bonitas, as que saem do mar onde a água é gelada e estão ainda mais bonitas, as que vestem uma peça básica e velha e calçam uns chinelos e amarram o cabelo e continuam muito bonitas.

[isto tudo porque é assustador ver a transformação que a maioria das mulheres do ginásio que frequento sofre depois de tirar os trezentos mil adereços que as fazem brilhar]

(pormenores)

turistas artistas



de tarde



Porto, de manhã cedo


Por vezes esqueço-me do quanto gosto de fotografar.

não concordo

quando dizem que vamos sempre a tempo.
Para mim tudo tem o seu momento exacto. Comer uma tosta mista morna, no ponto. Beber o café quente e não a ferver por causa dos soluços. As decisões imediatas sem poder hesitar. O instinto que me faz desviar da jante que vem na minha direcção. O tom grave, sem vacilar, que põe fim à brincadeira dos sobrinhos na hora de dormir.
Perco o sentimento quando passa o momento. Isto porque, em mim, a última coisa a perder-se é o sentido das coisas..., entretanto já perdi a cumplicidade, o encantamento, a vontade, o filme cor-de-rosa que tinha na cabeça, até perdi o querer dizer que já não gosto, que já não penso, perdi a vontade de fazer questão de mostrar que já não quero.
A única coisa que ganho é a indiferença e, embora enfadonha, não provoca taquicardia.
Um sossego.

qualquer dia sou como os outros

Tenho de perder a mania de pedir desculpa, de ter consideração com as pessoas e já agora de cumprir com a palavra.
Um amigo transformou-se em mediador e quer-me do seu lado. Por sua vez sou fiel a quem, em alturas conturbadas, me deu a mão e resolveu os problemas. Ontem pedi desculpa ao amigo e hoje, ele, condescendente quase me perdoou.
Vá lá que não me saiu um obrigada.

admito que não gostei

pediu-me o e-mail e não escreveu.
foi numa das trezentas festas que tenho ido ultimamente - e isto é dito com cansaço e a pedir a pena, em vez de vaidade - fazia parte da organização e deve ter achado graça à minha sinceridade quando perguntei à noiva se não queria desistir, ao facto de rogar pragas aos sapatos e por partilhar que dispensava tudo aquilo. Pus-me a jeito, bebi mais uma taça de espumante e mandei entregar o pedido. Deve ter-se divertido tanto quanto eu. Palhaço.

na corda bamba

[Porto.07]



almoço perfeito

Hoje almocei com dois casais de meia idade japo ou chineses, sou preguiçosa demais para fixar quem é quem quando o bico dos olhos aponta para baixo como o deles apontava. Enquanto me lambuzava com um delux qualquercoisa no Macdonalds (mas o imperial, da praça da cidade ok?) fizeram-me companhia no balcão dos bancos desconfortáveis, espertos e pequenos ficaram em pé. Adoro turistas, e se no meu normal não invado a privacidade das conversas com os meus olhares, hoje abusei ao acompanhar o diálogo animado que mantinham entre eles.
Eles sorriam, eu sorria. O senhor da frente olhava com pena para o cappucciono artisticamente confeccionado, o outro tirava fotos ao espaço (macdonalds imperial, IMPERIAL) e as senhoras tagarelavam. Como eu sorria e acompanhava a conversa sem perceber nada mostraram-me as fotografias da máquina. No fim quando estavam quase a sair reuniram-se em circulo, e eu sorrindo, perguntei-lhes se procuravam o WC. Não, não obrigado (e sorriam pela inadequada questão, aposto), perguntaram-me se era dali e que eles vinham do Canadá, que estavam a gostar e eu devolvi um - tiveram sorte com o tempo.

(e gostei)

Não há dor nem desgosto que o tempo não cure
Se eu amei e acreditei que ninguém me censure
Fiz o que pude agora mudo de atitude
A vida não pára, estou vivo e só peço saúde
Não estava escrito, está tudo dito
Se perguntarem por mim diz que comigo tá tudo bem
Que não deu certo mas que a culpa não é de ninguém
Só é quando tiver que ser
Vou pensar em ti até te esquecer
[boss ac]
(oferecido pela amiga virtual M, companheira de melancolias, ombro de desabafos e autora dos post mais bonitos, apaixonados e engraçados da blogosfera. volta)

Pergunto-me

Se existirão regras ou então alguma coisa que descodifique o comportamento masculino.
Ler nas entrelinha nunca foi o meu forte.

não,

hoje não me apetece ter um blog com rosto.

tenho medo

de não me conseguir voltar a apaixonar.

ultimamente chegam-me aos ouvidos histórias de traição. Por vezes preferia não ser tão bom ouvido para não viver vidas que não são as minhas, para poder ficar na falsa inocência de
acreditar que as histórias não são todas regra.

Acredito em excepções porque as conheço. Sei que existem pessoas com relações simples e sinceras. Sei que nem sempre é bom mas que não é tudo mau.

Aconteceu ouvir da pessoa mais improvável (esteticista) que seria incapaz de se humilhar a tanto perante uma história que para mim seria lutar pelo que se gosta. E de repente - ao pensar no passado - vi que me humilhei, quando pensava que lutava.
E isso é que custa.