Ainda hoje não compreendo a razão pela qual dormimos juntos, mas também não procuro saber - certas coisas insistem escapar à nossa compreensão e pertencem a uma região nebulosa chamada destino, que tão frequentemente usamos para fazer sentido das nossas vidas.

Foi isto que a minha amiga me transcreveu, parece que leu algures e apertou-lhe o peito. Apertou-lhe o peito como no dia em que o viu, o mesmo aperto que teve quando, com alegria, o recebeu e o mesmo aperto que, com tristeza, se despediu dele, na mesma estação.

Diz-me que ainda hoje não compreende a razão, mas que ao contrário do que leu, havia alturas em que procurava saber.

foto do dia

05.05.07





foi assim que foi

Como foi?

imagina uma coisa ridícula, muito ridícula aliás... agora multiplica por cem, não, por mil.

Jogo de sedução?

é ir à farmácia e pedir ao farmacêutico (giro) leite em pó e trazer o recibo em nome de Joana. Voltar lá dias depois e pedir tiras para medir os diabetes e o recibo em nome de Maria e na semana seguinte levar uma receita de gotas para os olhos em nome de Susana.
Isto sim é ser profissional.
«(...)o resto ficou a cargo de algo a que prefiro chamar destino(...) A certa altura das nossas vidas é conveniente acreditarmos em algo semelhante - uma entidade magnânime, a tal sorte que protege os audazes-, para que a existência não se reduza à triste enfermidade do gesto humano, incapaz, por maior que seja, de rasgar o negrume em que caímos a partir do momento em que chegamos a este mundo.»
João Tordo em "As três vidas"

parvoíce II

é estar a dez páginas do fim do livro e ansiosa por desvendar os mistérios, e no entanto, em vez de ir ler vir para o computador por querer prolongar a sensação.

parvoíce

não... estupidez mesmo, é tentar espremer uma afta.

longe vão os dias

Escrevi o teu número de telefone numa caixa de chocolates, que tinha na primeira gaveta do móvel do quarto, segundos antes de o apagar. Apagar do cartão do telemóvel, da vista e da vontade principalmente. A caixa estava cheia e eu impunha ordem no coração. Preciso enganar-me, restituir a ordem, mas saber que está ali just in case. O tempo passou, fui comendo os chocolates e hoje quando acordei com esta vontade percebi que tinha deitado fora a caixa que, embora vazia de conteúdo, guardava um tesouro. Não me lembro quando me desfiz dela mas tenho a certeza que não foi num dia como o de hoje.

coitadinhos dos muuuiiiito feios


Conheci o homem mais feio que alguma vez vi.

O pai dele é o vendedor de motas que me atendeu e que, qual PIDE, me inquiriu e exigiu os motivos da minha escolha. Depois de duas justificações lógicas, e porque ando frágil e facilmente me deixo intimidar, dei-lhe a única resposta que o fez calar-se, Porque sim!


O pai do homem mais feio tinha um metro e meio, rondava os 60 anos e tinha o cabelo, barba e bigode branco (passado algum diálogo cheguei à conclusão que as partes pretas era óleo).

Não sei se pelo meu aspecto, talvez de pobre, empenhou-se em convencer-me a não comprar a Vespa. Os argumentos passearam-se entre o anda pouco e o é muito pequena para si. Quando lhe disse que não me importava e que tinha uma maior em casa, então é que ele não se calou e era ver-lhe o brilho nos olhos.


Assustador foi mesmo na parte em que o que não quer vender motas chama o filho e lhe grunhe, vê onde mora esta senhora! por momentos e atónita com tamanha isenção de beleza, pensei que ele ia adivinhar sem que lhe dissesse uma palavra.


Segunda-feira vem cá ver o estado da defunta, aposto que traz o desfibrilador e se eu voltar a dizer que quero comprar a Vespa faz o arranjo de graça.



Vai ser de rir




Nota: quando estiveres a rir-te deles lembra-te que um dia podes estar a rir-te com eles... mais propriamente na próxima semana.


Teremos sempre Paris


A frase leva-me automaticamente a esta imagem tirada nas últimas férias, a companhia era de uma grande amiga que se revelou a pessoa perfeita para uma primeira abordagem à cidade.
Temos a sorte de fazermos parte da vida uma da outra. Inseparáveis desde a adolescência revelamo-nos a companhia perfeita para partir de mochila às costas. O ritmo, os apetites, as curiosidades, o achar piada a tanto e a tão pouco, as abordagens e silêncios pacificadores, foi o que bastou para ser perfeito... e é tão difícil e raro acontecer.
Hoje aguardo impaciente o casamento. Procuro as cartas que me escrevia quando a distância nos separou, em que a personagem principal era o seu futuro marido. Passaram dez anos desde a primeira...
estas férias foram a melhor despedida de solteira que se podia pedir.

Metidos numa piscina com cloro com as vulnerabilidades de fora

Nada como uma touca a cobrir os cabelos hidratados ou não e um fato de banho a não dar hipóteses à imaginação sobre o nosso tamanho ou celulite. Um rosto lavado e um chinelo no pé é o que basta para chegar à personalidade de cada um.
Diria que só, assim, despidos da profissão, do estatuto, do apelido, dos fatos, dos saltos, dos carros, das casas, das viagens e dos círculos sociais, é que somos nós.

dava jeito o curso de psicologia que não fiz

Não me reconheço pelo que escrevo... qual será a patologia?

deve ter sido o dono

Roubaram-me o bloco de notas que enfeitava o espaço.

(estou a falar hoje do problema de ontem porque só consigo falar dos problemas no dia a seguir ou mais)*

Ontem perguntaram-me qual era o meu problema.
Não foi uma pergunta arrogante como as que se fazem às pessoas que nos metem nojo. Estava inserida num contexto e percebia-se uma tentativa de aproximação.
A abordagem foi engraçada, enquanto eu bebia o café e tagarelava a cem à hora, ele ria-se, quando, no intervalo para respirar, disse que estava velha, ele perguntou qual era o meu problema. Começou a frase com imagine uma mulher... e descreveu o pouco que me conhece, no fim pediu-me para comentar a mulher que acabara de descrever.
Eu sorri, falei-lhe da ironia e disse que sei que sou uma sortuda.

*isto não é um problema, só achei piada as palavras.

?

Eu: Gostas dos meus óculos?
Os outros: Gosto, são bonitos, mal se notam.

O drama será sempre do tamanho que eu quiser

Ando constantemente com os olhos vermelhos. As pessoas mais desatentas que se cruzam comigo ainda afirmam, tens os olhos vermelhos, eu sorria e dizia do alto da minha maturidade, a sério! é da ganza... eu sorria (porque sou cínica) e depois explicava que deve ser das alergias ou então do cansaço porque todos os dias faço exercício (e arrogante também), os mais queridos diziam um ahhhh... os outros diziam que tinha de ver isso.
Fui ver e expliquei que queria qualquer coisa para as alergias, que devia ser só isso. Resultado,
-tem miopia sabia?!
(silêncio)
-quantas horas passa ao computador?
(silêncio.... silêncio...) - todo dia
-pois... conduz?
(silêncio....) sim...
-uiuiuiuiui...
(silêncio e medo)
- já não vê as matriculas!
ai isso é que vejo!

Conclusão, gotas e mais gotas e óculos com graduação. Saio f*d*d* por estar míope e pelos 60€ que cobrou nos 20 minutos. Chego a casa e faço o drama, tou miope tou velha... vou pôr as gotas e faço de conta que choro.

(ando assim)

Eu sempre fui a favor que ferida de cão não se cura com pêlo de outro cão (ou qualquer coisa assim), já gritei involuntariamente quando me disseram que tinha de arranjar outro, gritei enquanto dizia, nem pensar! tenho de cicatrizar bem, sozinha, pois só assim consigo apreciar o outro.No entanto surgiu a oportunidade, porque elas surgem e eu estava a atenta e necessitada dela, agarrei, tipo tábua de salvação.
Precisava duma oportunidade para deixar os pensamentos obsessivos cada vez que ia à caixa de correio virtual e real ou que o telemóvel tocava. Agarrei a oportunidade para que entrasse diversidade de pensamentos nos meus dias.
Agarrei num treta impessoal e disse-lhe tudo o que não consegui dizer enquanto recuperei. Falei-lhe da agressividade passada sem pedir desculpa, apenas expliquei que é mais forte do que eu. Disse-lhe que não me pedisse a amizade como no último dia em que nos vimos. Disse-lhe que não sabia se tinha saudades, mas que o coração já não saltava. E disse-lhe também que podia não responder se não merecesse a consideração.
Esperei. Essa espera foi o pêlo para a ferida de hoje. Enquanto esperava resposta de uma ferida cicatrizada, a outra, ainda viva, avançou no processo.
Hoje, passado algum tempo, recebi a resposta e foi mais surpreendente do que esperava. Tranquilo e sincero fez-me perceber que valeu a pena e valerá sempre a pena entregar-me a cem por cento.
A última frase foi, obrigado por teres existido na minha vida e por tudo o que lhe trouxeste.

A repetir


Aprendi a dançar quizomba, melhor, ensinaram-me, durante uma hora, a dançar quizomba. Exagerada e arrebatadamente poderia dizer que foi como fazer amor comigo própria numa sala cheia de gente.


Não há espaço para o difícil.

Não tenho talento nem paciência para jogo duplo.
Quando gosto sou fácil, quando não gosto sou impossível.

e um dia estamos no rio depois dos exames a comemorar não se sabe bem o quê, talvez a liberdade de não ser preciso estudar mais, andamos com a prancha do nadador salvador que ela conhecia. inocente e sem consciência nem medo na barriga por não ter noção que o desenrasca não é saber nadar, é sorte. No outro estamos a planear uma manhã de compras e que talvez seja melhor tirar o leite para a criança ficar com o pai. No outro dia percebemos que nunca mais nadamos no rio desde que aprendemos a nadar a sério.

Esta semana, em loucura, vou apostar 2€ no euromilhões

Não vou ter a arrogância de dizer que já tenho dinheiro suficiente nem o pessimismo de afirmar que não me sai. Esta semana vou jogar.

a verdade?

A verdade é que estou a meio de uma desintoxicação. Era droga leve (mentira, pesava à vontadinha 90 quilos) e toda a gente sabe que mulher especial e única que se prese tem o seu próprio processo de desmame, uma coisa elegante e subtil, sem histerismos ou desequilíbrios.

Ora bem, o meu consiste em correr muitos quilómetros, no mínimo cinco e quando tenho sensação de desmaio acelero, pedalar outros tantos, fazer body pump com uma barra que mal consigo levantar, beber litro e meio de água SÓ de manhã (porque depois do almoço dá azia).

Juntar a isto um almoço ou jantar ou ambos, de fruta, sopa, batatas, arroz e carne, fruta, chocolate, um pacote de batatas fritas em azeite 100% dos grandes e inteiro , queijo fresco com pimenta e sal, bolo de coco feito no micro ondas e quando me sinto cheia, chá a gosto, cumprindo rigorosamente esta ordem.

Nota - factos reais foram baseados no fim-de-semana, mais concretamente no dia de sábado, lindo, não?