Uva passa

Entras no restaurante. Comprovas que ele está lá, já tinhas visto o carro na rua. Dás os parabéns e sentas-te à espera que acabem de jantar. Tiras o casaco e lenço que não combina com o calor da sala, e do corpo com a caipirinha. Tens o melhor sorriso e o melhor cabelo, esse grande aliado. Olhas à tua volta e vês bimbos. Vês homens de sobrancelhas depiladas, vês moscas nos queixos, vês olhares gulosos que não são para as mulheres. És obrigada a ouvir uma espécie de música que vai do brasileiro romântico ao português pimba cantado por um senhor sem voz e careca com rabo de cavalo. E ficas ali. Esperas que os olhos se cruzem. Porque foste lá para ver se se cruzavam. Antes de decidir em grupo combinas com a tua aliada, ir se ele for. Entretanto dizem-te que só vão se vocês forem, mas não é quem querias, porque nunca é como queres.
Acabas a noite feliz por não entrares numa corrida que te ia desgastar. Porque só entras em corridas que te desgastam, dizem-te depois. E se pensares bem, é verdade.
Desta safei-me.