reality sucks

Tenho uma tendência natural para dar o primeiro passo. E não sou moderna, sou uma conservadora impulsiva. A diferença está em fazer o filme à minha maneira ou ver a película não editada. Não se pode dizer que uma pessoa está à espera que se dê o primeiro passo quando essa pessoa já revelou que gosta de conquistar e que até já deixou rosas no carro do alvo que queria. Nestes casos não vale a pena delirar, só é preciso assumir que ele não está assim tão interessado. Não vi o filme ou li o livro (sei que já houve quem escrevesse sobre o assunto) mas também não é preciso muito para chegar até aqui.

auto-retrato


eu sei

Robert Mapplethorpe


alguém sabe a diferença entre as pessoas que estudam contabilidade e as que estudam fotografia?

presunção, posso?

Nesta altura já recusei o jantar de natal do:

-ginásio
-piscina
-Tai chi
-curso

por uma razão simples:
não ter de arranjar um part-time para pagar as férias de 2010.

355 dias passados

Hesitei escrever.
Não posso negar a mágoa por não me teres deixado passar do teu corpo. Queria aconchegar-te o coração nas noites frias e manhãs chuvosas que não passamos no plural.
Cresci contigo. Cresci por ti. Ensinaste-me, hoje, que sofremos ou iludimos-nos na quantidade exacta que queremos ou que achamos necessário. Eu sofri em demasia. Sofri, não por te perder. Não por perder a conquista. Mas por decidires por mim. Sofri tempo demais por todas as palavras que escreves-te a dizer que não me podias fazer aquilo. Sofri com o pormenor da tua descrição ao imaginar-nos juntos mais uma vez. Pelo menos mais uma vez. Sofri quando decidiste por mim e me apercebi que afinal, a pessoa que me conquistou pelas palavras me desilude nos actos. Por conseguires seres o que queres, racional, frio para matar ou doce na conquista.

Mas esta carta não é para falar do que sofri. Das noites em que adormeci e acordei contigo no meu pensamento. Da inveja e admiração que o meu corpo passou a causar por tua causa, por me tirares o apetite. Passados 355 dias e muitas manobras de distracção, ainda me aperta o coração quando passo no Magestic. Provavelmente nunca mais lá entrarei acompanhada. Não te disse mas nunca lá tinha ido porque guardo os sítios bonitos para ir com pessoas especiais. E tu és especial, só por isso me apaixonei por ti.
Foi paixão. Cega. Hoje consigo pegar em todos os factos que aconteceram no nada que passamos e odiar-te ou amar-te. Mas não posso usar essa palavra também, amor, amor não se cria como a paixão. Mas melhor do que eu sabes o que é o amor, a paixão e tudo o resto do qual as pessoas se procuram alimentar para sobreviver...

Odiei-te muitos dias e muitas noites por me tirares o auto-controlo, por me sentir dependente e sofrer e humilhar-me, porque embora na altura me parecesse correcto hoje sei que foi humilhação. Só tenho pena de acreditar na tua palavra. Volta e meia ainda espero pelo correio.

Durante este tempo que passou muita coisa irrelevante aconteceu. Estive no teu papel na nossa história. Estive e não é fácil dizer que não a uma pessoa que nos aconchega da forma que te aconcheguei, não tanto, claro, nós somos sempre mais. Não é fácil dizer ao outro, o outro que só ouve o que quer e que vê o mundo governado pela sua vontade, que não, nós juntos, não somos nada. Mas depois de dito e do outro desistir acabou, ficasse leve, sai um peso.

A única coisa que sei é que me apaixonei por uma personagem que criei. Mas que adorei o nervosismo, a hesitação, a falta de à-vontade que nunca imaginei que tivesses. A pessoa real com os defeitos conquistou-me assim como me deu vómitos quando não me respeitou, depois. Devias saber que os mortos se respeitam.

Mas sabes do que tenho pena mesmo? Do brinco que perdi contigo.
Esse sim faz-me falta.
De ti só tenho saudades (às vezes).