matei-te um pouco mais

Entre os dias cinzentos troco fraldas e dou apoio, tenho o sorriso do tamanho do mundo virado para mim. Insuportavelmente comestível tento apaziguar a alma.
Pavoneio-me pelas ruas ventosas que fazem as cabeças voltarem-se pelas crinas indomáveis que orgulhosamente passeio. As noticias chegam.
Morreu.
Encontro-me adulta e madura quando procuro reconfortar quem não tem conforto.
Procuro-me.
Leio O Carteiro de Pablo Neruda e desejo uma ilha negra só para mim. Cumpro as obrigações e rio como perdida numa casa que não é a minha, na casa do Senhor, disfarço com uma tosse seca de quem tem poucos dias, coitadinha... dizem-me bonita, feminina. Engraçado. Visto um S e venho, assim, pedir um M ao funcionário.
Sinto. Sinto-me. Sinto-te.
Os dias passam. Monólogos intermináveis de "e se`s" matam-se pelo troféu.
Lembro-me que hoje não te esqueci por um minuto.
Enquanto isso tenho uma mensagem pendente. Injustiça, não era para nada. Mas tudo tem um motivo.