quem diz, não quero magoar-te, nunca conseguiria dizer, quero fazer-te feliz

por vezes
por inocência
por generosidade

é preferível que as coisas fiquem congeladas como os meus pés no dia de hoje e que a última imagem e sentimento guardado seja a de uma pessoa que só existiu na minha cabeça, muito maior do que vi, do que mostrou

não ficou nenhuma música
o meu perfume não comentado não é assim associado
nem os meus dentes cravados no coração de pedra ficaram abalados

não há provas do real, houve real?
fiquemos com o bom da fantasia
porque a ficar com alguma coisa que seja com o bom

ainda que venha do Nelson, o Metaleiro

Antes de me meter nos 22º graus de temperatura e de levar com um Jorge Gabriel disfarçado de Herman José que tem tanta ou menos piada do que estes dois seres reais juntos, passei pelo Modelo para comprar calorias.
Com a pergunta São os solteiros mais felizes? debaixo do braço, encontro, ou não tenho como fugir do meu colega da escola preparatória, o metaleiro. O metaleiro era/é aquele que usa botas texanas, um cabelo loiro aos caracóis penteados e ao falar encanta com o facto de ser sopinha de massa. Eu dei-me à amizade só porque ele tinha mota e emprestava ao para irmos curtir (saudades).
Adiante.
Foi o bláblábá do costume, até ao ponto em que ele me diz, estou casado à nove anos e se na altura em que casei pensava que sentia amor pela minha mulher, enganei-me, hoje sim, sinto amor e a crescer todos os dias. O único amor à primeira vista foi o que senti pelo meu puto mal nasceu, tem seis anos e é tão esperto que não sei a quem sai.
Numa altura em que as estatísticas dão dois a três anos de duração dos casamentos, em que os sentimentos e atitudes são etiquetados conforme os sexos e idades, existe provas vivas de que as coisas podem correr bem. Pelo menos enquanto dure.

matei-te um pouco mais

Entre os dias cinzentos troco fraldas e dou apoio, tenho o sorriso do tamanho do mundo virado para mim. Insuportavelmente comestível tento apaziguar a alma.
Pavoneio-me pelas ruas ventosas que fazem as cabeças voltarem-se pelas crinas indomáveis que orgulhosamente passeio. As noticias chegam.
Morreu.
Encontro-me adulta e madura quando procuro reconfortar quem não tem conforto.
Procuro-me.
Leio O Carteiro de Pablo Neruda e desejo uma ilha negra só para mim. Cumpro as obrigações e rio como perdida numa casa que não é a minha, na casa do Senhor, disfarço com uma tosse seca de quem tem poucos dias, coitadinha... dizem-me bonita, feminina. Engraçado. Visto um S e venho, assim, pedir um M ao funcionário.
Sinto. Sinto-me. Sinto-te.
Os dias passam. Monólogos intermináveis de "e se`s" matam-se pelo troféu.
Lembro-me que hoje não te esqueci por um minuto.
Enquanto isso tenho uma mensagem pendente. Injustiça, não era para nada. Mas tudo tem um motivo.

se por acaso alguma vez tivesse acontecido

diria que em vez de chorar a noite inteira mais vale fazer uma aula de rpm
  • todos os poros choram e não ficam inchados
  • enquanto choramos temos um Deus grego a dizer, força
  • dá para cantar alto e mal sem ninguém pensar que é grave

Que não seja dependência um querer ganhar. Que não seja o desafio, pelo desafio. Que seja a magia.

não percebo

a minha irmã, feliz, casada e com dois filhos disse que me partia as duas pernas se algum dia anunciasse que me ia casar.

é isso

recessão sentimental

sinais de crise

Roubaram-me a água no ginásio.

principio


podes correr e se te esconderes com inteligência não te apanham.